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"Primeiros anos escolares", por Suely Coutinho

Crônica

Em casa, no sítio Valão da Serra localizado a 6 quilômetros de distância de São José de Ubá, aprendi a ler com minha amada avozinha, Ana, carinhosamente chamada de vovó Nini.

Minhas irmãs mais velhas tinham estudado com um tio, Pedro Godinho, que construiu uma sala de aula próxima à casa dele. A escola do tio Pedro ficava entre o sítio em que morávamos e a vila de Ubá.

Em 1949, ano em que já tinha 6 anos, meu pai matriculou a mim, meu irmão Célio Rubens e a irmã mais velha, Benita no Grupo Escolar de Ubá. Saíamos de casa entre as 5 ou 6 horas da manhã, em dois cavalos. Estes ficavam amarrados na cocheira enquanto nós estudávamos no Grupo. No recreio íamos à cocheira onde guardavam as marmitas de comida para almoçarmos.

No Grupo Escolar, minha professora era Elenita, filha de dona Hilda Gomes. A Diretora do Grupo era dona Lurdes Antunes. Muito brava com a filha Selma a quem ela puxava pelos cabelos. Eu tremia de medo dela.
No ano seguinte, em 1950, voltamos ao Grupo Escolar. Eu para a 2ª série., professora Glória, irmã de dona Lurdes. Embora dona Glória fosse muito educada com os alunos, eu tinha muito medo dela por ter visto dona Lurdes puxar a própria filha pelos cabelos.

Felicidade para mim foi quando meu pai conseguiu a remoção dos móveis de uma escola desativada da Fazenda Campo Grande para nossa casa. Ele havia solicitado ao chefe político de Ubá, sr. Abelardo e conseguiu. Depois de construir uma pequena sala de aula próxima à nossa casa, veio morar conosco para trabalhar na escola, uma professora de Campos: Alair Gomes de Azevedo. O ano era 1950 e dona Alair ficou por dois anos como minha professora e dos meus dois irmãos, Célio Rubens e Antônio Carlos. Era a Escola Valão da Serra que acolhia também os filhos dos vizinhos que vinham de muito longe.

Em 1952 dona Alair transferiu-se para Campos e Solange Teixeira Pinto, nossa irmã mais velha, que havia se formado professora como interna do Colégio Bittencourt de Itaperuna, continuou a ensinar na Escola Valão da Serra.

Solange, logo que terminou o Curso Normal, tornou-se amiga da professora Lady Padilha que na época era a regente da Escola da Inveja. Essa escola era localizada na comunidade da Inveja. Entre essa escola e a de Valão da Serra havia uma montanha. As pessoas não subiam a tal montanha por ser muito alta, mas numa manhã, Solange foi com todos os alunos fazer uma visita à Escola da Inveja. Que aventura! As duas professoras prepararam os alunos recitando poesias, teatro, lanches e brincadeiras diversas. Que visita inesquecível!

Solange foi professora da Escola Valão da Serra até 1960, quando se removeu para Niterói.
Eu terminei o Curso Normal no Colégio Bittencourt de Itaperuna no ano de 1960 e, em 1961 comecei minha carreira no magistério na Escola Valão da Serra até o ano de 1964, quando fui removida para Itaperuna.
Em 1961, o Senhor José Ivo, político de São José de Ubá levou a mim e a meu pai a Cambuci, então sede do município. Ele me arranjou um contrato no Grupo Escolar Moacir Gomes de Azevedo, em Ubá, que durou apenas um ano. Eu lecionava na Escolinha pela manhã e, após o meio dia, ia a cavalo para Ubá ministrar aulas para uma turma de 3ª série.

No ano de 1961, as escolas ainda recebiam as provas finais da capital federal, em Brasília. O conteúdo programático para as 3 séries das escolas isoladas, vinha de Brasília no início do ano e as provas finais eram aplicadas por professoras de outras unidades escolares. Para a Escola Valão da Serra foi, a cavalo, a professora Ester Alves, da Escola Paineiras. Eu fui encaminhada para o Grupo Escolar Moacir Gomes de Azevedo para outra turma que não era a minha.

Posteriormente, com a municipalização das escolas da zona rural, a Escola Valão da Serra foi transferida para as terras do meu tio José Teixeira, mudou o nome para Escola Municipal Pedro Teixeira de Siqueira, meu avô.

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