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"Lembranças de meu pai", por Laercio Andrade de Souza

Poesia

Ensinou-me a caminhar com segurança
Sem medo, com esperança
Era apenas uma criança
A sentir o odor da floresta orquestrada pelo vento
A ouvir o canto dos passarinhos
O amor das aves em seus ninhos
A descobrir o sabor da água em sua fonte
Ver do alto o horizonte
E no arco-íris, uma ponte

Ensinou-me que alegria não é só antônimo de tristeza
Mas também atributo da beleza
Que amar é respeitar a natureza
E ao próximo como a si mesmo
Amparou-me no tropeço

Ensinou-me que a vida não tem preço
Olhar para o céu, que extasia!
Eu nada via, nada compreendia
Queria, certamente, mostrar Deus
(Difícil empreitada?!)
Que nada!
Era tudo tão belo e infinito
Que acabei convicto

Ensinou-me ecologia
A respeitar os animais e os vegetais
Flora e fauna em harmonia
Não falou em economia
O mundo é tão farto, basta a partilha
Pregava a filantropia

Ensinou-me que o amor é Divindade
Desvendando o “enigma” da Trindade
Que o mundo tem muita vaidade
Pouca caridade!
Que o pão não é só alimento
Mas transmuda a vida num momento

Pai, mestre sem maestria
“Filósofo” sem filosofia
“Doutor” em pedagogia
“Mestrando” em teologia
Pai... só alegria!

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