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"Crônica", por Norton Martins

Crônica

Além de figura humana inteligente, músico virtuoso, médico competente e político ético, Silvestre José Gorini sempre foi um exímio narrador de fatos hilários, vividos entre ele e seus clientes, neste meio século clinicando.
Nosso personagem era plantonista em Porciúncula, onde entrava às quatro da tarde das quartas-feiras. Mas sua primeira cliente, dona Maria das Dores (Fictício), chegava três horas antes, para ser a primeira paciente a ser atendida pelo Dr. Silvestre. Paciente sempre com queixas vagas e exames normais. Foi a primeira a ser atendida por quinze semanas, até que desapareceu por três plantões, que deixou surpreso o plantonista. No que ela reapareceu Silvestre interrogou:
– A senhora sumiu, que que houve?
– Senhor não soube não? Fiquei doente.
Outra paciente procurou este descendente de italiano com uma queixa sui generis:
– Doutor Silvestre, eu tenho tudo que é doença. No que o médico não perdeu a oportunidade da troça:
– Então a senhora vai na farmácia e compra tudo que é remédio.
Noutra consulta o paciente apresentou uma queixa ainda mais inusitada:
– Doutor, todo dia eu sinto uma coisa que finge que dói mas não dói. No que de imediato o médico de caneta em punho prescreveu um medicamento no receituário e entregou ao paciente fingidor com estas recomendações:
– O senhor pega este remédio e finge que toma, mas não toma.

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